quinta-feira, 12 de julho de 2012

ANDALUZIA - Jerez...a minha Janela Andaluza que fechei...


Esse é um pedaço de Andaluzia muito peculiar. Os atrativos turísticos são mais visíveis para quem se identifica fortemente com a cultura flamenca, apesar de que, Jerez de La Frontera (que pertence à província de Cadiz), tem todas as influências muçulmanas e romanas das cidades de Andaluzia, cuja história se repete e se consolida com a sobrevivência dos excluídos e foragidos árabes, judeus e ciganos. É uma cidade rica culturalmente que deve ser descoberta e explorada turisticamente. Além da história, a cidade é conhecida pelo Circuito de Fórmula 1 e pelo vinho de produção local (Jerez). É muito boêmia. As noites de Jerez são um atrativo à parte, isso porque é uma cidade “esteticamente” cigana onde isso é percebido claramente na fisionomia, principalmente, dos homens e no comportamento “descompromissado” e “calmo” entre um trago e outro, o que também não seria impossível presenciar, de madrugada algum deles se exaltar e quebrar uma garrafa e começar uma briga...aquela coisa assim, bem passional. digna de gitanos....
Jerez é considerada a "Cuna del Arte Flamenco, pois foi aqui que surgiram muitos cantaores, bailaores e guitarristas, provenientes dos bairros de Santiago e São Miguel, onde faço uma referência especial à Lola Flores e Paquera de Jerez. Foi daqui que surgiu a Buleria, um tipo de baile festivo, da improvisação de grupos em festa, seja no canto, seja no baile. É uma brincadeira tradicional e muito comum, típico das famílias jerezanas.


Como fui parar em Jerez... 
A 1ª. vez (2011) foi uma decisão de “susto” e de “impulso”.  Normalmente, escolho circuitos comerciais e turísticos para férias, porém, Jerez apareceu sem férias, num dia normal de aula de flamenco onde a professora comentou que tinha saído a programação do Festival de Flamenco de Jerez e o quanto era enriquecedor “beber na fonte” o que buscamos.
Foi um delírio sonhar com a possibilidade. E não é que deu certo? Um pequeno grupo sonhou e foi ver o que era o Flamenco no seu berço. Decisão rápida, grupo formado e claro, dinheiro contado. Tive que praticar direitinho o “planejamento”, pois sequer eram férias e não tinha reserva financeira. Eu tinha 5 meses a contar da inscrição nas aulas do Festival para organizar-me financeiramente para a viagem.




Recomendo os hotéis : Tryp e Tierras de Jerez muito bem localizados, confortáveis e preços justos. Afinal, seria um período intenso de atividades, além de ser inverno rigoroso. Escolhi esses hotéis (em 2 momentos diferentes, claro) porque me proporcionavam um conforto maior...e melhor descanso nos intervalos das atividades.
Apesar de ser um grupo, cada um optou em montar seu roteiro, mesmo assim, estaríamos juntos na semana do Festival e nas noites de Jerez. Muito providencial essa formação de grupo: todos vão para um mesmo local, porém, cada um com sua programação.  
E eu tenho um compromisso comigo : sempre conhecer outro local, antes de ir para Jerez ou retornar a qualquer cidade na Espanha. Assim, eu posso expandir meus conhecimentos sem deixar de fazer o que mais gosto. Falarei sobre o Marrocos mais tarde.
A dinâmica de Jerez é um pouco diferente das demais cidades.  Na época do Festival, cujo período é de um inverno rigoroso para os padrões brasileiros, a cidade fica “lotada” de aficionados pelo flamenco, de toda parte do mundo. A programação é intensa durante o dia e à noite.

Por toda a cidade escolas oferecem cursos, oficinas, intensivos e shows. Durante o dia, suamos enlouquecidamente nas aulas com nossos maestros e depois das aulas, uma parada para uma tapa e um trago...num frio de doer... À noite presença certa nos shows do Festival e na programação paralela, e depois vagamos de bar em bar entre uma tapa e um trago....e no dia seguinte...a mesma coisa...
Uma rotina insana para quem não entende nossa dedicação ao flamenco.  Mas tem também turismo de grande valor cultural que proporciona grandes surpresas para quem vai a 1ª. vez:

Comece pela Calle Larga, fácil de localizar e o ponto central de tudo em Jerez. Aqui ficam as principais lojas da Espanha e da Cidade, além de ser uma boa referência de bares e restaurantes. Excelente local para compras.  
Em Jerez, a ordem é caminhar! Descubra a Catedral de estilo barroco que também já foi uma Mesquita. Siga até o Alcazar que fica na parte antiga da cidade e tem referência do século XII, tendo sido residência de califas. A Mesquita agora é uma capela (desde a conquista dos Católicos, Afonso X).






Programe um Hammam (Banho Árabe) onde tem 03 piscinas com água quente, morna e fria, num ambiente a meia luz e massagem. Grande experiência e recomendado para qualquer pessoa que queira desfrutar de uma vivência especial dos costumes árabes.
Recomendo uma manhã para a visita na Bodega Tio Pepe onde o tour incluir degustação e por ser um vinho mais forte, não vá de estômago vazio. No final do dia, experimente Churros com chocolate quente, que no inverno é uma excelente opção.
A noite, veja a programação no Tio Zappa e na Peña de La Buleria. Se quiser algo mais requintado, visite o Teatro Villamarta  que no período do festival de flamenco tem shows todas as noites. 
Explore as praças das redondezas – A praça Plateros é belíssima e tem a Torre de Atalaya, com seu relógio do século XV. Em tempos antigos foi uma torre de vigia.
Calmamente, descubra as igrejas : Iglesia de San Dionisio, de Santiago, de San Miguel, de San Marcos, San Juan de los Caballeros o la Basílica de Nuestra Señora de la Merced.
É importante entender que Jerez se divide em 02 grandes bairros “ciganos” onde se situam os monumentos, igrejas e flamenco  : Bairro de San Miguel e de Santiago.

São os bairros mais antigos da Andaluzia, com suas ruas estreitas, sinuosas e deliciosamente confusas. É muito fácil e desejável perder-se nesses bairros e descobrir praças, igrejas, e construções antigas e típicas. Esses 02 bairros nasceram fora da cidade e foram povoados pelos ciganos e outros considerados indesejáveis. À noite, as cidades amuralhadas eram fechadas para aquelas minorias que não eram bem-vindas e consideradas perigosas, então essas pessoas passaram a viver “fora dos muros”, constituindo uma nova comunidade. Assim foi com São Miguel e Santiago. Por isso que não tem como separar o flamenco de Jerez... foram nesses  locais que o flamenco floresceu e passou a ser a cultura mais eloquente de Jerez. Lá pelos idos do século XV, quando a Igreja Católica se afirmava definitivamente, as comunidades que viviam “fora” dos muros da cidade (São Miguel e Santiago) cresceram muito e foram incorporados como bairros das cidades.

Em Santiago, descubra as Igrejas e Praças e não deixe de visitar o Centro Andaluz de Flamenco, com uma estrutura moderna e acervo para os diversos interesses da área. Em São Miguel, a igreja é imperdível e a Praça Afinal merece uma parada para um café, e claro, para os aficionados, o monumento em homenagem à La Paquera.







E, para entender o que tem em Jerez de tão especial, caminhe pelas noites, descubra as laranjeiras, as ruas estreitas, os bares cheios de ciganos. Jerez tem cheiro de Jerez, sabor de tio Pepe e tem perfume de história  e não ache estranho se você sentir voltando para casa num lugar tão distante do Brasil.

2 comentários:

  1. Emocionante ler essas palavras, que ouvi também de você. Realmente, seu carinho e identidade com Jerez são únicos.

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  2. Andaluzia é unica, porque a visitamos com o coração e alma de outras vidas...bjs prima!

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Agradeço seu comentário. Andrea Pires

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Andrea Pires

Com Salto&Asas é um lugar de verdade, onde compartilho as memórias das viagens que mudaram minha vida e que me transformam diariamente. Sonhar, Planejar e Realizar, o melhor caminho para ter o Mundo nas Mãos! comsaltoeasas@gmail.com

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