Uma pausa para repensar ou um motivo para mudar - Como Encontrar o Trabalho de sua Vida?
É um
susto quando depois de muitos anos no mercado de trabalho você se vê meio fora
de moda. Que o que você aprendeu e os valores que você construiu ao longo de
sua vida profissional já não combinam com o momento atual. Você se dá conta que
não percebeu (porque estava trabalhando muito!) que o mundo mudou....Tenho
conversado com pessoas da minha geração e o discurso tem sido o mesmo: “Não
estou mais encaixado no modelo corporativo atual. Preciso me reinventar! É
recorrente uma insatisfação geral, pois minha geração foi “treinada” para sobreviver
nos modelos de trabalhos tradicionais. A competição não é pela competência, mas
por uma série de variáveis que podem ser “pontos de fraquezas” que não foram observados
e nem desenvolvidos. Foi então que li um livro muito apropriado e esclarecedor,
recomendado por uma grande profissional de Recursos Humanos e amiga – Carla Barros e que me confirmou essa
transformação de valores e busca profissional que muitos estão passando. COMO
ENCONTRAR O TRABALHO DE SUA VIDA de ROMAN KRZNARIC. Conversei com algumas pessoas (depois de ler o livro) e percebi
que esse movimento de repensar e replanejar a vida profissional é um anseio
geral, por isso achei relevante registrar alguns pontos que podem contribuir
para uma reflexão ou quem sabe pode ser o começo de algumas mudanças?
O livro
aborda questões interessantes sobre a evolução dos modelos de trabalho nos
últimos 20 anos. Gostei da forma como o autor estruturou essa abordagem,
simplificando as angustias pessoais e tornando a reflexão num convite muito
sedutor. Essa questão de encontrar realização profissional com paixão é uma
invenção moderna. Fomos educados para trabalhar, (e nunca enriquecer
trabalhando medianamente) sobreviver e ter condições de sermos inseridos no modelo
coletivo de sucesso: cargo, casa, carro e família. Quem não tem isso, pode ser
sinônimo de fracasso. Por isso, desde cedo, fomos condicionados a ter um “emprego
seguro” como sendo primordial para alcançar o sucesso. No livro, o autor fala sobre uma pesquisa
realizada no ocidente onde pelo menos metade da força de trabalho está infeliz
com emprego. Nos países europeus, destaca que 60% dos trabalhadores escolheriam
uma carreira diferente se tivessem a opção de começar de novo. Além disso,
existe a morte anunciada de “emprego vitalício”, pois no mundo moderno,
surgiram contratos de curto prazo e empregos temporários em que o vínculo
empregatício dura em média 4 anos, nos forçando a fazer escolhas, muitas vezes
contra nossa vontade. Pois então, como encarar essa situação? De repente, me deparo com essa
dinâmica que reflete e impacta no meu dia-a-dia. O autor recomenda algumas opções para
enfrentar essa situação, como o “sorria e aguente” até onde conseguir. Ou então, “reinvente-se” sem medo, pois as opções
de mudança são vastas. Resgatando um pouco da história da minha geração, me
recordo que começamos a trabalhar muito cedo sem muitas opções. Trabalhamos durante
muito tempo e somos ainda muito jovens. Como manter esse “sorria e aguente”? Ou como ter coragem para recomeçar? Há muitas formas:
Porque não voltar a estudar? Porque não buscar outra profissão? Porque não
parar um tempo para se redirecionar? Ou porque não fazer essas 3 coisas ao
mesmo tempo? Eu fiz umas contas interessantes: trabalho há 27 anos, não penso
em me aposentar e me vejo produtiva por pelo menos mais uns 30 anos.... E agora?
Um ponto de partida é entender as fontes de
nossas confusões e anseios quanto a deixar nosso antigo emprego para trás e
embarcar em uma nova carreira. O próximo passo é rejeitar o mito de que existe
um emprego único e perfeito lá fora à nossa espera e, em vez disso, identificar
nossos múltiplos “eus” – uma gama de potenciais carreiras que podem atender aos
diferentes lados da nossa personalidade. Diante dessa questão, pensei
muito na importância de termos planos B, C, D de vida...enfim...fazer da opção
profissional sua única motivação de vida, é suicídio. Hoje, acho totalmente
fora de bom senso pessoas que se intitulam workaholics (cujo conceito foi muito
disseminado nos anos 80/90) como se isso fosse algo a ser reverenciado. Pessoas
assim podem estar compensando frustrações de outros âmbitos de sua vida, através
do trabalho. E aí, quando acontece um processo de demissão, entram em depressão
profunda. Trabalhar muito é bom. Produzir é melhor e realizar-se é o auge! Eu
tive um chefe de grande projeção profissional que me dizia sempre: temos que
ter 02 prazeres na vida: um quando saímos de casa para trabalhar e outro quando
voltamos para casa depois do trabalho. Se um deles deixa de existir, você tem
um problema. Então, esses “eus” que
o autor cita é essa visão sobre nós mesmos e os lados da nossa personalidade. Não posso aceitar como única alternativa de realização o trabalho, porque sou
múltipla e meus outros “eus” também
são importantes. E as armadilhas e
perigos da educação? Muitas pessoas
estão presas a uma força difícil de desvencilhar no trabalho porque estão
presas ao passado que escolheram estudar quando eram jovens. A consequência: pessoas em carreiras que não combinam com
sua personalidade. Recordo-me claramente que eu tinha poucas opções viáveis
(e medicina e direito não era para meu bico financeiro) de estudar e ter alguma
profissão. Nos idos dos anos 90, faculdade era artigo de luxo e uma verdadeira
loteria. A ordem da vez era “o que passar, cursa”! Ter o tal do 2º. Grau já era
passaporte para começar a trabalhar!!! Hoje, as opções são tantas e tão
interligadas que os jovens fazem escolhas de futuro. Escolhem a faculdade pensando
no prazer da realização e profissões inimagináveis num passado recente,
associadas à causas coletivas e de sustentabilidade. Está comprovado também que
grande parte dos jovens de classe média não entra no mercado de trabalho antes
de iniciar a faculdade. Graças às conquistas econômicas e sociais da nossa
geração, nossos filhos terão mais tempo e mais opções. Ainda assim, minha
geração se sente muito jovem para se conformar com escolhas que foram
necessárias no passado, mas que agora já não surtem o mesmo efeito. Sinto que
temos legitimidade e condições de recomeçar e aproveitar essa nova dinâmica.
“Sentido
do trabalho e suas dimensões”.
O
castigo mais terrível para qualquer ser humano, escreve Dostoiévski, seria a
condenação a uma vida inteira de trabalho “absolutamente desprovido de
utilidade e sentido”
Se
ele estivesse vivo por agora, estaria estarrecido! A maioria das pessoas escolhe uma carreira em
função dos benefícios financeiros. O que é lógico, pois temos contas, dívidas e
família para sustentar. Essa é a motivação mais forte e antiga, pois crescemos
numa sociedade em que “ter” é mais adequado que “ser”. Quanto mais se tem, mais
se gasta e mais se quer. Agregado ao “ter”,
vem o “Status Social” representado por um trabalho de prestígio que gere admiração
e reverência de outros. Ciclo da “imagem” que durante um tempo (dinheiro e
status) dá uma frágil condição de realização, porém, pode ser o início da
descida ao fundo do poço. Rever o “Sentido
do trabalho”, questionando o que realmente proporciona satisfação e procurar
realização em ser, pode ser o começo da mudança.
Como cultivar paixões e talentos?
Um
mestre na arte de viver não faz distinção nítida entre trabalho e diversão;
trabalho e lazer; corpo e mente; instrução e recreação. Ele dificilmente sabe
qual é qual. Simplesmente segue sua visão de excelência em tudo o que está
fazendo e deixa os outros determinarem se ele está trabalhando ou se
divertindo. Para si mesmo, ele parece estar fazendo as duas coisas. Imagine que, depois que aprendemos
sobre a necessidade de trabalhar como algo árduo e obrigatório, alguém começa a
dizer que não precisa ser assim. E aí o livro começa a fica menos conceitual e
mais prático. O autor propõe algumas reflexões e exercícios como uma forma de
“organizar” seus anseios e confusões. Por exemplo: que tal, descrever seus
diversos “eus” (facetas de sua
personalidade)? Fazer um mapa de suas
escolhas atuais, descrevendo sua rota até o presente e também as funções que
desempenhou e as motivações relacionadas. Faça isso com uma boa garrafa de
vinho ao lado, por favor! Olhe o mapa e tente entender o que ele revela quanto
à sua vida profissional até agora, suas motivações e quais delas você gostaria
de manter e desenvolver? Depois disso, crie vidas imaginárias como se você
pudesse estar em 5 universos paralelos, passando 1 ano em cada um deles, em
qualquer carreira profissional de seu
desejo. Tire daí 5 diferentes empregos que você gostaria de experimentar em
cada universo. Bacana né? Pois então, agora, compare as motivações: da sua
realidade e dos seus universos imaginários. Como está essa distância?
Dependendo da sua conclusão, abra outra garrafa de vinho! E não se desespere!
Agir primeiro e refletir depois.
Arriscado isso né?
A
busca da coragem é diretamente proporcional à sua condição de se preparar para
isso. Planeje o tempo na transição para novas escolhas, crie projetos
experimentais, trabalhe em oportunidades que não visam dinheiro, diversifique
sua atuação independente de sua formação. Aprenda, reaprenda. Vire sua vida
profissional de cabeça para baixo, pesquise novas carreiras, programe viagens e
períodos sabáticos. De
longe, o maior erro que as pessoas cometem quando tentam mudar de carreira é
esperar a definição de um destino para dar o 1º. passo. A única maneira de
criar mudança é colocando nossas identidades em prática...a melhor reflexão vem
depois, quando estamos sob o impacto e quando existe algo para refletir. E finalmente, queremos liberdade de
trabalhar e de produzir. As pessoas não suportam mais a rotina e a burocracia.
Querem pensar, agir, ajudar, desenvolver. O modelo paternalista vigente é uma
zona de conforto e uma armadilha que anula as possibilidades de realização pelo
medo. O convite é gerar uma anarquia profissional na sua vida, que te permita
mudar e aproveitar os próximos 30 anos. Roman Krznaric me agradou muito e
mostra que as loucuras necessárias são melhores vividas quando a gente se
prepara para “pegar a onda”. Não necessariamente teremos sucesso, mas estar
preparado é uma forma de não resistir à mudança. Recomeçar, duvidar, arrepender
e viver. É isso que vale. E se essas reflexões mexeram com você, aqui ficam
mais algumas perguntas que o autor provoca para dar mais impulso às duvidas e
receios:
1. O que seu trabalho atual está fazendo
com você como pessoa – com sua mente, seu caráter e seus relacionamentos?
2. Em comparação com seus pais ou avós,
qual foi seu poder de escolha em relação a sua vida profissional?
3. Quais são seus 3 maiores receios
quanto a mudança de profissão?
4. O que você gostaria de mudar sobre sua
atitude em relação ao dinheiro?
5. Quem você acha que está julgando o seu
status? – família, velhos amigos, colegas? Você quer dar a eles esse poder?
Salut!
Mesmo sabendo de Todos os posts deste blog, esta sera a 1a vez que comento...rsrs. Essa necessaria re-invenção esta ocorrendo por aqui, pois o desejo de conquistar coisas mais valiosas (que com certeza não tem um preço, e sim valor).
ResponderExcluirE mais uma vez vou me lançar naquilo que amo, e pq amo, me dedico, e pq me dedico, me encontro...
Como citaria um bom parachoque de caminhão: "a vida é como andar de bicicleta, ao parar de pedalar o tombo é a próxima etapa"
Diego