“Eu
andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos,
tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam,
e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não
alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes
se arrebentem sem o meu corpo amarrar.”
É São
Jorge, nossa Chapada, meu povo!!
Um
refúgio paraíso pertinho de casa (aproximadamente 220km de Brasilia), privilégio
de quem mora no centro do país e para quem é de Brasília que pode levar os
amigos turistas para um salto dentro do sol, dentro do cerrado: São Jorge, a
vila, e a Chapada dos Veadeiros!!!
Coisa antiga....muito antiga...que
estima-se ter se formado há 1 bilhão e 800 milhões de anos. Considerada o ponto
de maior luminosidade visto da órbita da Terra, segundo a NASA (fonte:
internet/Wikkipedia).
Esplendorosa!
Sim...a nossa Chapada (que abrange São
João d'Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul, Teresina de Goiás e
Cavalcante) é um cerrado a
perder de vista com atrativos rústicos e naturais. O visitante tem que gostar
da natureza crua, das árvores tortas, da vegetação agressiva, do vento quente
da seca do cerrado, do silêncio que arde.
Há 20
anos a visito. Minha parada é na Vila
São Jorge (Alto Paraíso), onde está Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros. Tem hospedagem para todos os gostos: sozinha,
casais, amigos, família....cada pousada com seu encanto. Gosto de ir na época
da seca, pois na época das chuvas algumas trilhas são proibidas. As noites na Vila São Jorge têm suas surpresas. Pode-se
desfrutar dos restaurantes locais (muitos com uma musiquinha de MPB) ou acertar
o sábado que terá o Forró no Cavaleiro de Jorge e se esbaldar com os nativos
que sempre recebem com carinho cada visitante, além dos eventos programados:
Festival de Inverno, Encontro de Culturas, Dia de São Jorge, etc....
Ir São
Jorge é se despir dos padrões: esqueça completamente a “beaute”. Leve o mínimo possível e se surpreenda como a natureza
embeleza. Os dias podem ser muito quentes e as noites sempre frias. Distancie-se
do celular, do computador, do trabalho....só se vive a Chapada se esquecer a
rotina da cidade.
Um pouco da história desse paraíso....
Quando
ainda não se chamava Alto Paraíso, já era habitada pelos índios Cayapós, Xavantes
e Guayazes. Depois chegaram os bandeirantes e escravos fugidos. Abrigou uma
fazenda e se tornou um povoado de lavradores pois a exploração de ouro na
região atraía muita gente. Com o povoado crescendo, a agricultura
(principalmente trigo e café) e a pecuária, a região foi transformada. Assim
nasceu Cavalcante (1740) e conta-se que os primeiros grãos de trigo foram
trazidos por ciganos (vindos do Egito). Foi nessa fazenda que nasceu Alto
Paraíso. O povoado de São Jorge, distrito de Alto Paraíso é a porta de entrada
para o Parque nacional da Chapada dos
Veadeiros. A terra, rica em cristais,
foi tomada de garimpeiros (após a segunda guerra mundial o cristal era muito procurado
para a produção de material bélico) e o solo rico nos cristais é um ponto de
convergência enérgica, muito utilizado em pesquisas. Ainda hoje, em algumas
trilhas, é possível ver resquícios do cristal no solo. A partir de 1989 o
povoado da vila de São Jorge começa a despontar no turismo em decorrência do
misticismo e do espiritualismo que se desenvolveu na região. Alto Paraíso
também é conhecido por ser um santuário místico, exotérico e espiritualista porque
sua localização coincide com o Paralelo 14, que passa em Machu Picchu, no
Peru.
Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros
Inicialmente
eram 625 mil hectares, cobrindo toda a Chapada, hoje conta com somente 65 mil
hectares (10%) O rio que drena o Parque Nacional dos Veadeiros é o Rio Preto,
afluente do Rio Tocantins. No Parque, as trilhas e cachoeiras mais conhecidas
são:
Saltos do Rio Preto: trilha de 6km, chegando primeiro ao
Mirante do Salto de 120 metros. Pausa para as tradicionais fotos e segue-se por
uma trilha que em alguns pontos margeia o Rio Preto até a cachoeira de 80
metros.
Cariocas: uma grande cachoeira cai espalhada em
forma de anel numa cortina de mais de 20 metros de largura e uma piscina que se
forma que tem mais de 20 m de profundidade.
Cannyon I/II: visitação somente na época das secas,
pois um trecho do caminho se faz por dentro do rio, por isso o acesso fica
proibido na época das chuvas. Trilha de aproximadamente 5 km.
Fora
do parque há uma infinidade propriedades particulares abertas ao publico com cachoeiras
e trilhas de percursos mais acidentados ou mais acessíveis. O ideal é buscar
orientação e dicas com quem já foi ou na Pousada que esteja hospedado. Seguem
algumas sugestões:
Cachoeiras Almécegas I/ Almécegas II :
Na direção da Fazenda São Bento, cerca de 4 km de
estrada sem asfalto e a trilha de 1,5 km até a cachoeira que tem duas subidas e
duas descidas.
Águas Quentes: Ótimo para descanso. São piscinas artificiais com acabamento rústico e
de pequena profundidade que permitem um agradável e relaxante banho de imersão,
acessível para todas as idades.
Morada do Sol: Cachoeiras e piscinas rodeadas por
lajes de pedras muito agradável para banhos. Caminhada fácil, por uma trilha de
1,5 km em terreno mais ou menos plano. Fica a 6 km do Povoado de São Jorge,
Raizama: Trilha de aproximadamente 1,5 km,
chega-se à primeira cachoeira, parada para refrescar e segue a trilha pela
margem do Córrego Raizama até na mais deslumbrante ainda Cachoeira que se
encontra embaixo, com o rio São Miguel. Coisa de doido! Perigoso na época de
chuva.
Vale das Pedras: Na direção de Raizama. Após a
entrada, chega-se a uma choupana onde pode-se comprar bebidas e petiscos.
Alguns metros à frente, uma prainha perfeita para a preguiça. E se quiser
empreender trilhas, são 2kms de subidas e descidas em lugares paradisíacos.
E
por fim, o Vale da Lua: um dos
lugares mais fantásticos do Brasil. A visão é parecida com a paisagem da lua.
As rochas de cor acinzentada mudam de tonalidades de acordo com a luz do sol. O
Rio São Miguel aparece e se esconde entre as rochas desenhadas em vários
formatos. Lugar lindo e perigoso... não brinque no Vale da Lua, as pedras
submersas podem se transformar numa armadilha...não confie. Na época das
chuvas, as trombas d’água surpreendem. Além dessas, tem muito mais opções de
trilhas e passeios maravilhosas e intensas.
Depois
das trilhas, a volta é de muita fome e a parada certa são os mais tradicionais
restaurantes da Vila: da Teia e da Nenzinha. E tem que entrar no clima exotérico
e espiritualista: programe massagens terapêuticas que podem ser agendadas na
própria pousada.
O
cerrado é assim: para descobrir sua beleza tem que desbravar para renovar-se. E
se chegou lá e viveu tudo isso, não se esquece de dedicar seu dia a São Jorge!
Por
fim, algumas dicas para quem vai pela 1ª. vez:
-Dinheiro:
alguns locais até aceitam cartões, mas o ideal é dinheiro, pois não há caixas
eletrônicos na Vila São Jorge.
-Nas
caminhadas: roupas leves, boné/chapéu, calçados confortáveis para trilhas, agua
e lanche leve.
- Protetor
solar e repelente são itens obrigatórios
-
Procure acessar os locais com um guia cadastrado na Associação dos Guias e siga
as orientações de quem vive ali diariamente. Eles são muito bons em historia,
botânica e indicações de diversão.
-As
caminhadas podem ser curtas ou longas, em terreno acidentado...esteja
preparado!
- Máquina
fotográfica, filmadora, tablets...tudo que você quiser para nunca mais esquecer
esse paraíso!!!! Mas desconecte-se...use-os para o registro de imagens.
- Cuidado
com crianças: as trilhas requerem atenção e as cachoeiras e rios muito mais!
- O
período da seca é o mais forte e de cerrado mesmo. Não há restrições nas
trilhas. No período das chuvas algumas trilhas ficam inacessíveis. Entre julho
e agosto aí sim é que o cerrado fica com cara de cerrado!!!
E por
fim: volte sempre à são Jorge. Um ritual de celebrar a vida.
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Agradeço seu comentário. Andrea Pires