Sevilla tiene una cosa!

Optamos
pelo trem de Madrid para Sevilla. Muito confortável e uma experiência bacana
para uma 1ª. vez (como era o caso da minha amiga), cujo valor da passagem
corresponde ao serviço prestado e tem lá seu glamour viajar de trem na Europa
né?
Chegamos
no final da manhã de um dia muito quente numa cidade alegre e festiva, com a
cara do verão. Nosso hotel, muito bem localizado, além de ser uma atração à
parte: Hotel Patio de La Alameda ficava na Alameda Hercules. Uma casa do século
XIX com arquitetura interna de pátios andaluzes. Pequeno e muito aconchegante,
o atendimento faz mais que justiça à beleza do hotel. Todos foram sensacionais,
registrando aqui a 1ª. impressão de minha amiga sobre a cidade: como as pessoas são acolhedoras, alegres e
a segurança percebida logo na chegada.
Apesar
da cidade exalar um ar “litorâneo” e as pessoas parecerem estar na praia, a
cidade não tem mar. Mas os bares, as
melhores coisas de Sevilla, mantém esse “aire” de verão praiano. Sevilla é bem fácil
de entender cuja boemia retrata sua história, sua leveza conquistada com muitas
dores e sua alegria de viver pelas batalhas sofridas. Sevilla é uma homenagem à
vida.
Sevilla através da história:
Chamava-se
Híspalis no período romano por volta de até 700dc quando foi conquistada pelos
mulçumanos, atingindo seu apogeu de prosperidade. Em 1248 é reconquistada pelos Reis Católicos e
a história se repete: conversões, perseguições, miscigenação e sobrevivência.
Como
todas as cidades de Andaluzia, passou por mãos muçulmanas e cristãs cujas
batalhas foram vividas à luz de muita violência e devastação. Na Guerra Civil
houve mais uma etapa de destruição e a decadência se instalou. Talvez seja por
isso que a cidade tem encravada nas suas arquiteturas uma diversidade cultural
e um povo muito acolhedor. Todas misturas passam por Sevilla e sua história
deixou a alegria de viver como marca em seu povo, como se comemorassem todos os
dias o simples fato de estarem vivos.
A Alameda Hercules, nossa base em Sevilla,
é uma região muito bacana que existe desde 1574. Hoje é rodeada de bares e um
dos points da boemia alternativa de Sevilla. No início era um jardim público da
alta classe que passou pela decadência no período da Guerra Civil e foi
revitalizado recentemente, tornando-se um centro de arte e cultura alternativo.
No final do dia os bares aplacam o calor com as sombras das árvores e uma cerveja gelada. Um ótimo lugar para o ócio
e boas conversas. No começo da manhã esses mesmos bares abrem e servem café da
manhã a preços generosos.
Bem
perto da Alameda Hércules está o centro
monumental de Sevilla: parte turística obrigatória. Ou seja, essa foi mais uma
decisão para ajudar a minha amiga a se sentir mais segura e com facilidade de
se integrar na dinâmica da cidade: a localização do Hotel e a mobilidade. Aproveitamos
nosso primeiro dia para caminharmos pela Alameda Hercules até La Campana: rua de muita importância
desde 1510 quando era conhecida como a “Calle
de Pasteleros” por ter lojas de fabricação e vendas de doces. Atualmente
mantém uma referência dessa época com a doceria Campana, desde 1885. A partir
da Campana vários pontos da cidade
estão interligados, principalmente o centro comercial e a Calle Sierpes, a “famosa”. Sabe porquê?
É aonde
ficam as lojas famosas e de marcas e as pessoas passeiam alegremente e
despojadamente pelas lojas e rua, sob o frescor dos toldos que cobrem toda a
extensão da Calle Sierpes.
No 2º. dia
a programação foi Catedral e La Giralda , com direito à
subida pelo mirante. La Giralda vem do antigo minarete que era parte
da Mesquita Mayor. A história começa quando Sevilla é conquistada pelos
muçulmanos e a Mesquita Mayor e a torre (La Giralda) são construídas neste período
que vai de 700 a 1200dc aproximadamente.
No século XIII, quando os reis cristãos reconquistam Sevilla, a Mesquita
é convertida a Igreja dedicada a “la Asunción de María”. Somente nos séculos XV
e XVI as construções são finalizadas e hoje conhecemos como Catedral Gótica de Sevilla. Durante esse período sobreviveu a 3
terremotos e no local encontram-se os restos mortais de Cristóvão Colombo e os túmulos
dos reis. Além da parte interna deslumbrante e a subida na torre (de tirar o
fôlego literalmente), a dica é descansar no Pátio de los Naranjos com seus jardins, fonte e sombras.

Além da área de contemplação e vista da cidade, é no subterrâneo
que fiquei de boca aberta: lá encontra-se o Antiquarium,
um museu arqueológico com vestígios romanos e árabes, descobertos na 1ª. fase
da construção do Parasol e podem ser
da época de Tibério 30dc, indo até Século VI com vestígios romanos e construções
islâmicas dos séculos XII e XIII.
E o dia
acabou? Nada!
Final
da tarde com sol alto, seguimos para o Museo Flamenco para uma imersão completa: além de conhecermos
a história de grandes nomes, vivenciar o museu interativo e conhecer as origens
e influências de outras culturas, assistimos o tablao flamenco para fechar a
visita com chave de ouro. A dinâmica desse museu é muito bacana, pois por um valor único (e bem
acessível) pode-se visitar o museu e esperar o horário do tablado que acontece
pelo menos umas 3x ao dia.
No 3o
dia, já em ritmo de despedida, fomos à Plaza
de España. Taí um
lugar que consegue definir bem Sevilla! Localizado no Parque Maria Luísa, foi construída entre 1914 e 1929. A diversidade de pontos de observação e
contemplação rendem fotos maravilhosas. Ao redor da praça tem bancos que
representam as províncias espanholas, representadas, cada uma, pelo seu escudo,
um mapa e uma figura artística. Essa praça foi cenário filmes conhecidos como Lawrence
de Arábia de 1962 e Star Wars Episódio
II: O Ataque dos Clones de 2002. Além da arquitetura e diversidade de contemplação,
musicalidade ao ar livre com artistas de flamenco e outras modalidades nos
prendeu por horas e sem vontade de voltar à realidade.
Fechamos nossa última noite
em Triana para conhecer o outro lado de Sevilla e cruzar a famosa “Puente de Triana” sobre o rio Guadalquivir.
Impossível não associar Triana ao flamenco, aos grandes nomes de toreros e aos perseguidos
pela inquisição. Um bairro inicialmente habitado pelos ciganos e judeus, porém,
o prédio da sede central da Inquisição (1481) ficava no antigo castelo de São
Jorge, bem na saída da ponte (onde hoje é o Mercado de Triana), chancelando a
ocupação cristã. Hoje o bairro é uma boemia cool.


Sevilla é assim mesmo. Desconheço quem simplesmente “passou” por Sevilla e não
se apaixonou pelos seus cantos e encantos. Não dá para explicar Sevilla de um a
forma simples, racional e objetiva. Sabe Porquê?
Porque Sevilla tiene una cosa!
Próxima
parada desse roteiro andaluz? Granada, tierra soñada ....Aguardem!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço seu comentário. Andrea Pires